Nascido em Valença (RJ), Alair de Oliveira Gomes (1921-1992) formou-se em engenharia civil e eletrônica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A partir de 1965 passou a se dedicar à fotografia, produzindo ao longo de 26 anos mais de 170 mil negativos.
Nos anos 70, Alair Gomes criou e coordenou o setor de Fotografia da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Entre 1976 e 1984, participou de mostras coletivas em Nova York, Paris, Rio de Janeiro e Toronto. Seu trabalho, considerado, até então, inédito e único no Brasil, conquistou reconhecimento internacional e nacional em 2001, em uma grande mostra retrospectiva na Fundação Cartier para a Arte Contemporânea em Paris, com imagens que integram o acervo da Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro. Além disso, um conjunto de suas fotografias foi selecionado para a Bienal de São Paulo em 2012, e algumas obras fazem parte do acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), do MAM Rio e do Instituto Cultural Gilberto Chateaubriand. Sua obra foi tema no filme documentário A morte de Narciso (2003) de Luiz Carlos Lacerda.
A exposição “Alair Gomes: o erotismo no belo” é fruto do recorte de uma das séries de trabalhos da coleção reunida por Klaus Werner, jornalista alemão e grande amigo de Alair. No decorrer do tempo, Klaus comprou fotos de diferentes séries do artista, e outras tantas foram adquiridas por meio de permuta de materiais que ele trazia da Alemanha, tais como papel fotográfico, filmes e outros itens. Essas fotos ficaram arquivadas por mais de 25 anos e agora parte delas sai da gaveta para exibição ao público.
A série erótica aqui apresentada — toda ela originalmente manipulada, revelada e ampliada pelo próprio Alair no laboratório em seu apartamento, que também servia como estúdio para fotografar seus modelos — faz parte de seu trabalho inovador e provocativo, considerando, em especial, o período em que foi criada: as décadas de 1970 e 1980. Ao capturar a beleza e a vulnerabilidade do corpo masculino, ele explorava a sensualidade, a intimidade e a relação do homem com seu próprio corpo, numa época quando a nudez masculina era bastante censurada, principalmente quando remetia à ideia de homossexualidade.
Vale destacar também a importância da realização desta exposição em um espaço público — o museu do Paço Imperial, que celebra seus 40 anos, confrontando a beleza e o rigor estético da obra de Alair Gomes com o contexto sociocultural retrógrado e muitas vezes reacionário que temos vivenciado nos últimos anos.