Carlos Zilio

A pintura com à pintura

Pintura com a Pintura

O pintor veterano, aquele que se empenha diariamente em sua prática, sempre termina sozinho com a pintura. E não porque se aliene do mundo ao redor: a própria pintura acaba por metabolizar o mundo com suas operações específicas. Chega um momento em que esse processo, ao mesmo tempo intuitivo e metódico, condensa a vivência do artista a um ponto tal que dispensa quaisquer chamados extrínsecos, absorvido por inteiro no embate prazeroso porém exigente, sempre em aberto, com uma atividade por assim dizer interminável. Daí que o artista não tenha nos surpreendido tanto ao mencionar de passagem que, daqui para frente, pretendia pintar o Nada. E estamos falando de um pintor experimental, sem temas ou estilos definidos. Em sua carreira, entre outras incursões, ele passou de telas exuberantes, matissianas, a uma última série em preto e branco envolvendo a figura pitoresca do Tamanduá, que obcecava o seu imaginário familiar. Tampouco o cansativo dilema abstração/figuração encontra mais lugar entre as preocupações teóricas desse pintor culto, professor universitário e agente cultural inovador no que se refere ao destino da História da Arte no Brasil. Sem esquecer o início vanguardista, ainda nos anos 1970, quando produzia objetos nada “artísticos” e Instalações de caráter político, em confronto mais ou menos direto com a famigerada ditadura militar vigente.

A História da Arte para o pintor Carlos Zilio, naturalmente, significa muito mais do que matéria simbólica social – é parte constitutiva de sua personalidade pictórica. Nela comparecem, por exemplo, Malevitch, Barnett Newman e Jasper Johns, figuras à primeira vista incompatíveis. Mas ninguém se obrigue a rastreá-las nessas telas recentes , ocupadas que estão em alcançar o Nada. Tais presenças, em meio a outras poucas, já se tornaram fantasmas amigos, que sem dúvida contribuíram para a conversa atual da Pintura com a Pintura. O que importa agora é o embate frontal com essas telas quase vazias, monocromáticas, quase todas no mesmo formato médio. Completam uma série, um conjunto no sentido estrito do termo. Cada uma é uma, no entanto, pedem leitura cuidadosa. Por um lado, francas e diretas, parecem de pronta assimilação. Contudo, logo que as assimilamos elas prendem nossa atenção, excitando a percepção ao acompanharmos seu soberano fazer pictórico.

 

Ronaldo  Brito

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