Quinze anos de criação do Instituto e do Prêmio PIPA é uma data a ser comemorada. Desde o começo, um ponto enfatizado por Roberto e Lucrécia Vinhaes, patrocinadores da ideia, era o de garantir a sustentabilidade do projeto. Assim tem sido. O instituto tem tentado ampliar seu campo de ação, sem perda de foco e dentro das suas possibilidades. O Prêmio se manteve por meio de renovação constante, aberto à escuta das demandas e transformações do circuito de arte. Nestes quinze anos, de 2010 até agora, não foram poucas as mudanças em sua estrutura. A principal delas aconteceu em 2020, quando definimos o foco na produção mais recente (até 15 anos de trajetória) e resolvemos premiar quatro artistas em vez de um(a), de modo a ampliar o escopo e apostar na diversidade.
A exposição da coleção do Instituto, que vem sendo construída paralelamente ao prêmio, tenta mostrar um pouco deste processo de metamorfose da produção artística brasileira, que é ao mesmo tempo um processo político, estético e institucional. Novos corpos e novas subjetividades assumiram protagonismo maior, reconfigurando o modo pelo qual se faz e se pensa a arte no Brasil. São várias temporalidades concomitantes, assim como múltiplas visualidades e referências culturais que se articulam, obrigando-nos a redefinir os nossos critérios de ajuizamento. Não há rigor crítico sem alguma porosidade às mudanças da sociedade e, concomitantemente, do mundo arte.
Jogar luz sobre as potencialidades da arte brasileira e sobre as mudanças do circuito é o papel de um prêmio. Cabe trazer aqui alguns números para evidenciar o quanto o Prêmio PIPA tem procurado ser uma janela inclusiva para o circuito de arte contemporâneo. Entre os 32 artistas premiados desde 2010, foram 12 negr@s, 12 branc@s, 5 indígen@s e 3 pret@s. Além disso, foram 14 mulheres, 12 homens, 4 artistas trans e 1 coletivo.[1] Desde a primeira artista premiada em 2010, Renata Lucas, até os 4 artistas premiados em 2024 – Aislan Pankararu, Aline Mota, enorê e Nara Guichon –, potência plástica e diversidade cultural, étnica e de gênero, caminharam juntas. Isso também reverbera na coleção do Instituto PIPA. São muitas visualidades e muitas referências históricas que se combinam. Nosso contemporâneo é múltiplo e nossa janela tem que estar aberta para esta pluralidade.
Luiz Camillo Osorio
Curador Instituto PIPA
[1] Todas as informações são baseadas em dados de autodeclaração dos artistas.