O artista Milton Machado apresenta no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, de 17 de abril a 7 de julho, a exposição inédita “ACHADOS (entre) PERDIDOS”, composta pela instalação “Paraíso” e a série de desenhos “Academia dos Seletos”. “ACHADOS (entre) PERDIDOS” tem curadoria de Felipe Scovino e celebra 55 anos de carreira de Milton Machado.
A instalação inédita “Paraíso” homenageia o poeta inglês John Milton, recordando seu poema “Paraíso Perdido” (“Paradise Lost”), publicado em 1667. Nas salas, com iluminação e sonorização criadas especialmente para a instalação, um jogo de palavras brinca com oposições a partir do poema de John Milton, ditado para suas filhas depois de ele perder a visão.
“O Paraíso de um outro Milton e de uma outra natureza é visitado aqui. Um Paraíso que nada tem de trágico; ao contrário, apela para a comicidade. Tem algo de trocadilho barato, quase vulgar, tongue in cheek. Mas irresistível. Tem algo de sátira: admitem-se sem problemas as trocas de identidade, os contrabandos, as apropriações indébitas, as intimidades entre xarás”, comenta Milton Machado.
A série de vinte desenhos “Academia dos Seletos”, título inspirado no nome da sala onde as obras serão expostas, foi criada entre 2017 e 2023. A maioria dos desenhos nunca foi mostrada. Os trabalhos foram feitos com nanquim e tinta acrílica sobre papel, em três tamanhos (30 x 40 cm, 46 x 56 cm e 70 x 100 cm). Têm em comum uma estrutura espacial construtiva, labiríntica, de planos entremeados, resultantes de ações não planejadas, em que o gesto, o traço (e a cor) são experimentais e determinantes.
Arco e flecha (ofáde Oxossi), 2023
“Tanto os desenhos quanto Paraíso se fundam na falta, na brecha, naquilo que deve ser especulado pelo espectador. Os desenhos se fazem nos detalhes, nas minúcias; são elas que promovem um encadeamento de ações e narrativas que à primeira vista estão “escondidas” e precisam ser trazidas à tona. São micro-estórias que são em parte atropeladas pelo rastro do traço veloz que condiciona esse tempo em máxima potência. Na obra de Machado, ao contrário de todas as expectativas, sempre há algo a ser investigado, revelado do subterrâneo”, escreve o curador Felipe Scovino.
Milton Machado e Felipe Scovino farão uma visita guiada no dia 25 de abril (quinta), às 16h. E, em junho, farão uma nova visita, seguida de palestra, no dia 15 (sábado), às 16h. Essas atividades terão tradução para LIBRAS. A exposição contará também com audiodescrição, folheto com os textos em fonte ampliada e horários exclusivos para pessoas com transtornos do espectro do autismo.
ACHADOS (entre) PERDIDOS tem patrocínio do Governo Federal, Ministério da Cultura, Estado do Rio de Janeiro e Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, através da Lei Paulo Gustavo.
Sobre o artista
Milton Machado (Rio de Janeiro, 1947) é artista plástico, professor, pesquisador e escritor. Arquiteto pela FAU-UFRJ (1970). Professor Titular da Escola de Belas Artes da UFRJ e da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. É PhD em Artes Visuais pelo Goldsmiths College University of London (2000). Tem textos publicados em diversos livros, revistas e catálogos de exposições. Machado expõe, em mostras coletivas e individuais, desde 1969, no Brasil e no exterior, entre elas na Bienal de São Paulo (10a, 19a e 29a edições), 7a e 10a Bienal do Mercosul, da mostra Europalia, em Bruxelas, entre dezenas de outras. Suas mais recentes mostras individuais são: Arte não. Desenho, na Nara Roesler (RJ, 2021), Cabeça, no CCBB BH (2015) e CCBB RJ (2014); e Mão Pesada, na Nara Roesler (SP, 2013). Exposições coletivas de que participou recentemente incluem: In Memoriam, na CAIXA Cultural RJ (2017); Em polvorosa, no Museu MAM RJ (2016); Made in Brasil, na Casa Daros RJ (2015); Imagine Brazil, no DHC/ART Foundation for Contemporary Art (2015), em Montreal, Canadá; Where the streets have no name, no CSS Bard and Hessel Museum of Art (2014), em Nova York, EUA. Publicou os livros “História do Futuro”
(2011), “Cabeça” (2014) e “Sutura” (poesia, 2023).