A artista chilena Voluspa Jarpa apresenta o projeto “Cartografia incógnita” na BIENALSUR 2025, com curadoria de Diana Wechsler (ARG) da BIENALSUR. A exposição, que acontece no Paço Imperial do Rio de Janeiro, representa a forma final de uma investigação visual e crítica sobre os dispositivos coloniais que construíram imaginários de supremacia e alteridade.
Este trabalho é a conclusão de um ciclo iniciado no pavilhão chileno da Bienal de Veneza de 2019 e que teve continuidade na mostra “Cartografias dissidentes”, em Málaga, como parte da BIENALSUR 2021.
O projeto de Jarpa consiste em diferentes elementos que se entrelaçam para questionar as raízes culturais do racismo e a ideia de “civilização”. A obra principal é um mapa que sobrepõe diversas camadas de informações históricas:
– Projeções cartográficas: Utiliza a projeção de Mercator retificada pela projeção Authagraph para corrigir as distorções que aumentam desproporcionalmente o hemisfério norte em relação ao sul.
– Zoológicos humanos: Traça as rotas de mais de 40.000 pessoas que foram exibidas em zoológicos humanos entre 1848 e 1958.
– Migração europeia: Sobrepõe a este mapa o fluxo de setenta milhões de europeus que migraram para as Américas entre 1850 e 1910.
Além do mapa, a instalação inclui um vídeo que foca no olhar do espectador das feiras coloniais, ao eliminar digitalmente os corpos que eram exibidos, destacando o poder desse olhar. Uma série gráfica também investiga o impacto dessas exposições na paisagem urbana de oito cidades, com um foco particular na Exposição das Filipinas, realizada em Madri em 1887, para analisar a cenografia como uma forma de violência simbólica. Através dessas peças, a obra de Jarpa revela como a noção de “civilização” foi construída sobre uma “arquitetura visual do desprezo”.